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Médicos do hospital de Eunápolis denunciados por morte de paciente
Médicos do hospital de Eunápolis
denunciados por morte de paciente
O ex-diretor administrativo do Hospital Regional de Eunápolis, Jairo Augusto Coelho Júnior, os médicos Gediel Sepúlvida Pereira (cirurgião), Cléber Gonçalves Jardim (médico do trabalho), Luciano Biasutti (plantonista obstetra), Nilsa Santiago (plantonista clínica geral) e João Carlos Xavier (anestesiologista), e o enfermeiro Nailton Anjos dos Santos, foram denunciados ontem, dia 24, pelo Ministério Público estadual por homicídio culposo. Eles são acusados pelo promotor de Justiça Dinalmari Mendonça Messias de terem concorrido para a morte, em 5 de outubro de 2006, da paciente Sônia Nogueira do Amaral, que foi submetida a cirurgia de histerectomia total (remoção do útero) por médico não especializado e sofreu, no pós-operatório, choque hipovolêmico por hemorragia.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, a cirurgia que vitimou a paciente Sônia Amaral estava marcada para ser realizada com o médico Gediel Sepúlvida, mas, queixando-se de dor-de-cabeça, ele pediu para o médico Cléber Gonçalves fazer a cirurgia no lugar dele. Ocorre que o médico substituto possuía apenas especialização em medicina do trabalho, não sendo cirurgião, segundo informação confirmada posteriormente pelo Cremeb/Ba. A imprudência dos dois médicos – o primeiro por passar a cirurgia para ele agendada para médico não especializado e o segundo por aceitar e realizar a cirurgia – é, segundo o promotor de Justiça Dinalmari Mendonça, agravada pelo fato da cirurgia não caracterizar caso de urgência, mas sim cirurgia eletiva, que poderia, portanto, ser remarcada.
Não bastasse isso, explica o representante do MP, “o pós-operatório foi permeado por sucessivas condutas negligentes dos médicos e enfermeiro que acompanharam a paciente”. De acordo com o promotor, apesar de ter apresentado quadro de apnéia, com extremidades cianóticas e quadro de sonolência, a paciente passou horas sem ser assistida e só foi “vista” pelos médicos e enfermeiros do hospital quando já estava com choque hipovolêmico, por anemia aguda, decorrente da perda de sangue após a cirurgia, “que em momento algum foi detectada pelos médicos que a atenderam, sendo portanto a conduta destes imperita e ao mesmo tempo negligente”. Ainda de acordo com os autos, não foi realizado exame sanguíneo nem no pré nem no pós-operatório da paciente, nem mesmo após o quadro de apnéia e sonolência apresentado por ela.
Segundo o médico legista que fez o laudo cadavérico, Luiz Andrade, “com a quantidade de sangue perdido que foi observada na necrópsia, seria visível até a olho nu que a paciente estava com sintomas de perda de sangue e hipovolemia”. Já o médico perito do Núcleo de Apuração de Crimes Relativos a Erros na Área de Saúde (Nacres) do MP, Jehorvan Lisboa Carvalho, em análise ao prontuário, concluiu que, primeiramente, falta ao Hospital de Eunápolis estrutura para o atendimento pós-operatório de cirurgia de médio e grande porte, e os profissionais envolvidos no atendimento à paciente Sônia Amaral “agiram com imperícia e/ou imprudência no tratamento de uma intercorrência que, apesar de relativamente pouco freqüente, não é absolutamente incomum depois de uma cirurgia abdominal qualquer, principalmente do útero, onde ocorre a possibilidade de soltura de ligadura de vasos venosos ou arteriais do pedículo neuro-vascular do útero”.
Além de tais conclusões, afirma o promotor de Justiça que o Hospital Regional de Eunápolis encontra-se em estado lastimável para realização de cirurgias de médio e grande porte, pois não conta com Serviço de Recuperação Pós Anestésica (RPA) e muito menos Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Desta forma, explica ele, o diretor administrativo na época da cirurgia que vitimou a paciente Sônia Amaral, Jairo Coelho Júnior, permitiu que o hospital funcionasse naquelas condições, devendo, portanto, também ser responsabilizado.
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